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sábado, 26 de março de 2011

Neurofibromatose tipo 1 (NF1)

Informação adaptada de Preventive management of children with congenital anomalies and syndromes, Wilson GN, Cooley WC
Doença descrita em 1882 por von Recklinghausen e caracterizada em 90% dos casos por múltiplas manchas café-com-leite e neurofibromas (nódulos cutâneos). Na outra forma de neurofibromatose ocorrem neurinomas acústicos (tumores do nervo auditivo). A identificação dos diferentes genes responsáveis por estas patologias permitiu a classificação dos tipos já referidos como entidades separadas.
Incidência, Etiologia e Diagnóstico
A prevalência da NF 1 é de 1 em 2500 – 3000 nascimentos, sendo 50% dos casos os primeiros em cada família por uma mutação de novo. É uma doença autonómica dominante (risco de recorrência é de 50% em cada família por filhos de indivíduos afectados). O gene responsável já foi identificado, localiza-se no cromossoma 17 e é responsável pela síntese da neurofibromina, um provável supressor tumoral.

Várias outras doenças cursam com alterações semelhantes, o que torna importante o diagnóstico correcto. Existem critérios clínicos para o diagnóstico da NF 1, nomeadamente:
  • seis ou mais manchas café-com-leite com diâmetro superior a 1,5cm (0,5cm antes da puberdade);
  • manchas axilares/inguinais;
  • dois neurofibromas ou um neurinoma plexiforme;
  • glioma óptico;
  • dois ou mais nódulos de Lisch ( manchas acastanhadas na íris do olho);
  • lesão óssea característica (como fusão do rádio e cúbito ou pseudoartrose);
  • familiar em 1º grau com NF 1.
A presença de dois ou mais destes achados permite o diagnóstico clínico de NF 1. É teoricamente possível o diagnóstico molecular, mas raramente possível ou indispensável.
Evolução
É pouco provável que o diagnóstico seja realizado no período neonatal face à ausência de sinais específicos e a maioria das crianças não têm problemas durante a infância. De facto, 40% destas crianças não virá a ter outras manifestações da doença para além das manchas café-com-leite. A macrocefalia é relativamente comum (30%), sendo a epilepsia e hidrocefalia situações mais raras. A terapêutica cirúrgica dos neurinomas plexiformes pode ser difícil.

Os gliomas ópticos (tumores do nervo óptico) são frequentes e por vezes multifocais mas têm habitualmente uma evolução melhor do que noutras situações. Os neurofibromas também podem localizar-se na espinhal medula, provocando alterações motoras. A incidência de outros tumores está também aumentada em relação à população em geral.

Problemas ósseos, tais como luxações, pseudoartroses e escoliose (10%) são achados frequentes. Nos ossos longos podem existir formações quísticas, indolores, e que não são causa de uma maior incidência de fracturas. É importante rastrear a hipertensão arterial no adulto, e excluir fistulas arterio-venosas a nível da coluna vertebral na presença de dor nas costas/pescoço ou em doentes com alterações da marcha.

As alterações cognitivas, particularmente o atraso da linguagem e as dificuldades na aprendizagem afectam 40% dos indivíduos com NF1, situações estas que podem estar relacionadas com défices neurossensoriais provocados pelos tumores acima referidos.
Tratamento e Prevenção das Complicações
É imprescindível realizar uma vigilância clínica orientada nos casos de NF1 apesar de, como já referido, 40% das crianças nunca virem a ter complicações graves. Como tal, o seguimento destas crianças implica observações regulares, com particular atenção às alterações audiovisuais e ósseas a fim de diagnosticar precocemente formações tumorais. O tratamento destas lesões vai depender da sua localização e dos sintomas associados, sendo a abordagem conservadora a habitual nas crianças. Após os 6 anos de idade recomendam-se observações anuais. A puberdade precoce e o crescimento rápido exigem uma monitorização mais atenta, assim como as alterações ortopédicas. A hipertensão arterial pode ser um sinal de alerta para a presença de lesões das artérias renais ou mesmo de alguns tumores específicos, pelo que o seu rastreio é fundamental.

As dificuldades de aprendizagem, atraso da linguagem e outros problemas cognitivos carecem de intervenção precoce mesmo na fase pré-escolar.
Aconselhamento Genético
Sendo uma doença autossómica dominante, o risco de recorrência é de 50% em filhos das pessoas afectadas. No entanto, as mutações de novo são responsáveis por 50% dos novos casos. É importante referir que a expressão das manifestações clínicas pode ter grande variabilidade na mesma família.
Para mais informações sobre a Neurofibramatose podem consultar o seguinte site na internet:

www.nf.org

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